terça-feira, 21 de outubro de 2014

Carta aos Céus

Venho por meio desta explicitar e fazer algumas recomendações ao Excelentíssimo Senhor, portador e titular do paraíso.
Tu recebestes, há alguns meses, a remessa de uma preciosa encomenda enviada da Terra para alegrar seus dias aí nos céus. Mesmo deixando saudades, entendo que o Senhor a quer aí do seu lado pois se trata de uma figura doce e carinhosa. Sei, também, que ela estará em boas mãos pois o Senhor é bastante conhecido por imensa bondade e amor, e tem muita notoriedade aqui em nossas vidas. Além do mais, tenho confiança que aí contigo ela estará bem melhor do que nós, habitantes de um mundo tão nefasto.
Só desejo que o destinatário em questão faça cumprir calorosamente um simples pedido de um remetente que se despede de sua joia mais amada, de tratá-la com todo o cuidado, zelo e cautela, pois sua magnitude é de tamanha escassez no planeta e suas virtudes são raridades jamais comparadas.
Não há manual de instrução que pudera ter sido enviado com a mesma em sua embalagem, até porque se houvesse, eu mesmo teria feito o possível para preservar ainda mais esta belezura aqui comigo.
Posso, todavia, dar-lhe algumas dicas para usufruir do melhor que esta mercadoria tem para oferecer: Deixe sempre por perto um jardim com muitas roseiras e margaridas para que ela possa regar e se alegrar, e jamais hesite em presenteá-la com flores. Ela ama as flores do tipo dama da noite, rosas vermelhas e samambaias.
O produto também não vem acompanhado de certificado de garantia, mas é só ouvir a opinião dos que a conhecem e saberás logo que se trata de algo bem especial. Se quiser, o Senhor também pode dar uma espiadinha em algumas de suas ações do passado, ou mesmo pedir a opinião da Maria do Perpétuo Socorro, a Maria de Fátima ou do Cosme e do Damião, eles a conheciam bem.
Se ainda restarem dúvidas, é na cozinha que ela mostra seu maior predicado. Lá, além de muitas vezes fazer milagres com pouco, ela fazia questão de chamar bastante gente para comer. Também fazia até com que eu e meus primos comêssemos mais fazendo bolinhos antes de irmos para a escola.
Aos sábados o som de batedeira fazendo bolo era comum, nas vésperas de aniversário ficava madrugadas a fio desenhando e confeitando verdadeiras obras de arte. Casa cheia e muita farra era o que lhe dava alegria de viver. Coração grande de mãe ela sempre teve.
Também não posso deixar de pontuar seus predicados na costura, crochê e tricô que com orgulharam ela ergueu a casa criando cinco filhos e a fizeram ser o que ela é. Me emociono em lembrar das roupas de quadrilha, toalhas de mesa e até mesmo vestido de casamento feitos por suas mãos delicadas.
Escrevo-te somente para ficar mais tranquilo sabendo que ela estará em um bom lugar. Em minhas orações farei menção e lembrarei ao Senhor de protegê-la, então estaremos sempre em contato. Sou grato pelas bençãos que Tu tens me dado e principalmente por ter colocado-a em meu caminho. Agora passo para ti a função de tomar conta desta preciosidade e confio em sua ternura. Por enquanto, envio esta singela carta. Logo irei visitá-lo e a encontrarei novamente.



Com elevado apreço,
Lucas Ranfer.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Nadismo

Devido aos grandiosos avanços tecnológicos entrar em contato com o resto do mundo em questão de segundos hoje em dia é mais que possível, é rotineiro. Temos virtualmente o maior banco de informações e dados que já se possuiu antes na história do planeta e podemos acessar redes sociais, e-mails, fazer pesquisas e conversar 'ao vivo' por vídeo com pessoas do outro lado do mundo é possível em qualquer canto da Terra que nos ofereça rede.
Usufruir desse artefato tecnológico é um prazer tão infinito que até os nobres da idade média dariam um rim para ter se soubessem de sua existência e praticidade, é claro! Até me pergunto como conseguimos chegar tão longe em evolução. "Conseguimos" não, porque eu jamais seria capaz de tal faceta. Conseguiram, alguém pensou, planejou, executou todo o trabalho e agora só me resta ligar meus dispositivos e navegar por aí!
Das grandes às menores cidades as pessoas utilizam seus smartphones para entrar em suas redes sociais, adicionar fotos em tempo real e se atualizar rapidamente com notícias enquanto esperam o transporte coletivo, nos 15 minutos de intervalo entre uma aula e outra, durante um comercial de TV e até quando vão ao banheiro. Estar online cem por cento do dia não é tarefa difícil de se fazer. 
É notório que diante de tanto entretenimento cibernético na palma das mãos, não temos a audácia de desgrudar um só minuto do aparelho, objeto este que quando não o temos por perto nos sentimos isolados, faltando algum membro do corpo e desamparados do mundo, e que cada vez mais pessoas encontram-se viciadas em seu uso de tal forma que já existe um distúrbio denominado nomofobia para poder explicar essa necessidade toda.
Já pararam para pensar que por bastante tempo não tiramos umas boas horas de relaxamento e liberdade mental, as chamadas "viagens" de pensamento, por causa do celular? Como antigamente as senhorinhas sentavam-se aos portões de casa para ver o movimento da rua e, instintivamente, não fazer nada. Passear no calçadão da praia a tarde, desligar a televisão por uns minutos, ir a uma cidade do interior e ficar vendo toda aquela bela paisagem no caminho. Ócio merecido!
Acreditem, meus caros. O ato de não fazer nada gerou o conceito do movimento chamado Nadismo, criado pelo preguiçoso publicitário brasileiro em Londres em 2005, Marcelo Borher. Com o objetivo maior de levar relaxamento pro seu dia que era, até então, atarefado e corrido. Pensem comigo: "Nadismo" (nada para fazer mesmo). Jamais existirá pensamento melhor que este. Esplêndido! 
Mas não é só isso, não. Na Itália existe uma organização chamada Cittaslow. Uma referência à frase "slow city" do inglês. O conceito é de crescimento urbano de uma forma revolucionária, respeitando a sustentabilidade e dando maior qualidade de vida aos praticantes. Se acham que acabou, saibam que também já rola o Slow Food, que por sinal não significa que a comida vai demorar a ficar pronta, mas sim uma organização com o objetivo de promover que os clientes tenham refeições sem restrições de tempo a fim de uma maior apreciação da gastronomia e o prazer na alimentação, além da melhor mastigação e adquirir hábitos mais saudáveis.
Enquanto é comum vermos pessoas correndo de um lado para outro, levar um tanto de "nada" pro seu dia vai ser demasiadamente prazeroso. Na hora do almoço ou jantar, tomar um bom banho quente e relaxar a noite, encher uma xícara de café, sentar à sombra e respirar fundo, ir ao portão de casa, olhar para o alto e ver a lua e principalmente, ficar calado, matutando num pequeno trajeto casa/trabalho ou vice-versa.
Diminuir o ritmo do dia-a-dia não faz mal a ninguém, acreditem. Melhora o humor, nos deixa mais relax e põe nossa cabeça pra funcionar sem pressão, sem chatices. Eu dou, certamente, meu total apoio para a prática desse movimento, e falando nele, estou fazendo minha parte nesse exato momento com meu pijama preto de bolinhas, o controle remoto e a cama bem macia esperando o último ponto final para contemplar com o prazer e o bem estar que o 'nadica de nada' pode trazer.

Por Lucas Ranfer

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

um Pequeno Príncipe


Abro espaço para uma postagem que um amigo que admiro fez para mim.

(...)
"...Era uma vez uma bela rainha esperava há meses pelo seu fruto. Na época certa de colheita, a expectativa era grande. Foi então que um simples acidente com o relógio do médico, causou-a uma crise de riso, e de um riso gostoso nasce um PRÍNCIPE. Coroado três vezes dentre poucos, e incontáveis dentre milhões. Um príncipe de alma nova, livre. Sem os pensamentos velhos que a vida caleja. Uma personalidade ímpar, voraz, que consegue tudo o que quer.
Peitou a vida, conectou-se à cultura, pessoas e grupos. Um avoado, com quem todo mundo aprendeu, e se apegou. Inspira conversa, está acima de qualquer origem. Muda até seu próprio nome, sobrenome, porque quer... e pode!! Possui faróis de xenon, olhos com super poderes de enxergar possibilidades de dias melhores num mundo sem fé. Anda seminu, fala palavras torpes, perde a paciência, mas é de respeito.
É, acima de tudo, de ORGULHO!"

Obrigado pelas palavras de apoio que impusionaram a ser o profissional que eu sou; pelo silêncio nas horas que as palavras pareciam supérfluas; pelas lágrimas compartilhadas, pelos risos incontidos, pela conexão de idéias; muito, muito obrigado mesmo, por me escolher para fazer parte do seu REINO.
Hoje, não só sou um amigo, sou também um Irmão!

Por Thiago Augusto

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A grande máquina


Em pensamento de retrospecção sobre dias vividos, pude crer que já tivera passado por vários motivos e situações que me deixasse abalado, triste e cabisbaixo.
É normal do ser humano o sentimento de inferioridade, de desgosto de si próprio e de lamento quando perdemos algo que gostávamos, quando não atingimos as expectativas do dia, quando fazemos algo não muito certo, ou pior ainda, quando somos castigados por aqueles a quem confiávamos afeto ou gostávamos.
A máquina humana responsável pelo raciocínio lógico é bilhões de vezes superior a qualquer outra máquina animal, a qualquer objeto inanimado motor e até mesmo a qualquer outra divindade que Deus, pela crença religiosa, houvera criado.
Massa corpórea pequena em relação ao papel que fora destinado a desempenhar e em relação a tamanha complexidade que nenhum gênio ainda fora capaz de sequer imaginar.
Órgão vital que dá ao ser humano poder bastante para sermos chave mestre da cadeia alimentar, para criar robótica, medicina avançada, equipamentos de difícil grau, manuseio do fogo e também formas para sua criação, além de muitos outros artifícios para comunicação, entre outros.
O cérebro humano é responsável pelo sentimento, pela dor, pela visão, pelo gostar ou não, pela aprendizagem, pela aceitação do "eu" que somos, pela razão. Órgão este que consome maior parte das energias que adquirimos para que seu funcionamento seja adequado, trabalha até, estranhamente falando, quando dormimos.
Quem diria que algo com tantos atributos fosse fazer parte logo de nós, meros mortais assim como tantos outros mamíferos, que muitas vezes o usa para criar bombas atômicas, drogas, destruição do ambiente que vivemos e tantas outras facetas maléficas.
Somos criaturas perfeitas, com o dom de decisão, criação, com a resposta para a evolução e poder do raciocínio e da atenção. Somos infinitos de idéias por mais irreais que estas podem ser. Somos humanos, não somos apenas animais.
Nossa cabeça é o que nos guia para caminhos que queremos, é o que nos limita a ser o que somos, é o que nos diferencia uns dos outros, é o que nos faz escrever bem, ou falar bem, ou fazer pelo menos alguma coisa bem, que ninguém mais consegue. É nossa unicalidade!
Acredite, ela também é capaz de nos fazer melhores do que já somos, de nos mostrar mais superiores do que podemos, de nos fazer sentir bem ou mal, de acordo com sua vontade. Controla nosso coração no momento de fraqueza, nosso riso no momento de felicidade.
Se dor, sentimento e depressão são coisas criadas pelo cérebro, você pode dominar isso. É só uma questão de ver o dia, o sol, a praia, a vida como sendo boa ou ruim. Depende de você!

Por Lucas Ranfer

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Olhos de cristal

Uma vez conheci uma mulher que tinha sonhos. Ela tem um olhar marcante e bem vivo. Um olhar de quem já passara pelos cruéis maus tratos que a vida proporciona e mesmo assim, sobreviveu como grande heroína.
Ela é uma mãe responsável, zelosa e uma educadora de altíssimo talento, que me acolheu de braços abertos. Eu vi em sua alma uma lágrima, talvez de arrependimento da vida, talvez de alegria. Nós conversamos pouco. O diálogo ficou pobre com nossas línguas nativas que são muito distintas.
Certa vez ela caminhava sozinha na beira de uma praia deserta e pensava no nada. Olhava o horizonte e refletia na vida. As ondas que chegavam subtamente molhavam seus pés. Com um sorriso, ela sentia a brisa do mar em seu rosto não mais jovial.
Ela é muito calma no seu jeito de falar, de tocar, de sorrir e de se emocionar. Tais costumes como de uma pessoa estranha que chega na casa dos outros pela primeira vez. Aqui ela estava. No meu país, na minha casa, na minha família.
Eu me lembro que suas mãos envergonhadas apertavam as minhas com ardor, como se pedisse um obrigado por tudo que eu a dava. E como proteção eu a segurava nas mãos e a mostrava que bem maior era ela quem me fazia.
Me lembro também que mesmo numa noite fria ela retirava seus sapatos ao entrar em minha casa. Isso é um gesto de maior humildade que alguém pode fazer. E logo ela, que vem de um lugar onde muitos menosprezariam minha casa, meus hábitos, a violência do meu país, minha cultura, meu povo.
Gostei de sentir sua proteção quando minha mãe não estava por perto. Gostei de quando seus olhos delicados olhavam os meus.
Ela me olhou com aqueles olhos de cristal. Uma lágrima veio a cair, e naquele momento eu vi que essa heroína é mais frágil que porcelana. Foi ali, naquele instante que eu percebi que meus laços de afeto e familiares se estenderam e atravessaram o oceano em direção ao outro lado do mundo, e que eu acabara de saber o que é o mais puro sentimento de uma "mão emprestada".
Eu não sei descrever o bem que ela me faz. É como calmaria depois da tempestade. É como sentimento de criança sem maldade. É como a brisa do mar no rosto.

Por Lucas Ranfer

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Meu divã

Nascemos e morremos...
e no espaço entre uma coisa e outra, estudamos, casamos, temos filhos, praticamos exercícios, adoecemos, choramos. Ninguém escapa deste script. Quando eu escrevo, não penso em ser uma celebridade. Minhas frases são pra decifrar o que em mim fica solto e não se decifra. Preciso ser entendido, mas isso é uma tarefa difícil pra eu cumprir sozinho. Por isso sento-me aqui no meu divã e abro meu coração.
Meus fiéis leitores são meus psicólogos. Eles ouvem minhas histórias reais, algumas disfarçadas e outras um pouco apimentadas para satisfazer aquele gostinho Hollywoodiano e algumas vezes eles me dão conselhos sabiamente colocados. A estes, eu não tenho vergonha de mostrar meus maiores medos e sonhos. Não tenho vergonha em deixar que eles se envolvam em minha vida e saibam a maioria os meus segredos.
Posso até lembrar dos meus tempos de infãncia quando tudo o que eu queria era ser gente grande, se formar e ter um emprego bom. Que relevante. Nada disso mudara minha vida!
Sobre o amor, a gente sempre ouve falar naquela história de metade da laranja, mas tá tão complicado achar alguém que me faça uma laranja inteira. Acho que já tô apodrecendo com o tempo. Não há agluém que seja seu. Pessoa nenhuma pertence a gente, isso é injusto. Todo mundo é livre. Eu nunca gostei quando as coisas vão rápido demais. Perde a emoção. Atingir a meta sem prorrogação não é vitória, não tem sufoco, não tem dor. Isso é muito sem graça.
Eu ouvi uma vez que se eu tivesse pelo menos um grande problema na minha vida, esse não há de ser por falta de felicidade. Se eu disser que eu estou com medo de ser feliz pra sempre, vocês acreditam?
Uma das maiores coisas que o ser humano poderia sentir é o sentimento de ser desejado. Não há coisa melhor, e nesse lado eu sou até bem servido, mas eu acho que preciso de um pouco mais.. só por auto estima. Eu preciso me sentir desejado. Isso é muito bom.
Tive alguns relacionamentos e outros lances, alguns óbvios e outros até muito bons. Mas tiveram um fim, e o fim nunca é bom; se fosse bom seria o começo.
Eu nunca sonhei com vidinha pacata, com rotina, com dormir demais, com chatice. No meu sonho de ser adulto as pessoas saíam bem mais e se aventuravam muito mais do que eu vejo que é na verdade. Eu não sou antigo, e desde de novo eu sou moderno. No meu quarto não tem florzinha no vaso e nem moldura bunitinha no quadro, meu quarto não é arrumado, e isso é uma coisa mais minha do que dos outros.
A vida passa tão rápido! Hoje já não sou mais aquele menininho de 10 que vivia sonhando com os 18. Isso me dá medo. Eu tenho medo de deixar a vida passar e não fazer nada, sabe? Me dá medo de não se aventurar o bastante, de não viver intensamente. Me dá um forte medo de não falar o fundamental, o essencial. Porque esses a gente nunca fala. Já pensou se a vida passar toda e a gente não ver, e quando notarmos estaremos velhos, sem mais aqueles sonhos, sem vontades e desejos, sem expectativas. Quando as pessoas entram numa fase de todos os dias parecerem domingo, elas continuam vivas, mas já morreram há muito tempo.
Esse mesmo pensamento que eu tento mostrar é o que acontece quando você compra uma coisa especial, sei lá, uma camisa bem cara. Aí, você empresta pra um conhecido, aí esse conhecido veste a camisa e a camisa ficou muito, mas muito mais bonita nele do que ficava em você. Daí ele vai num festão, todo mundo fica encantado, e ele suja a camisa, entorna vinho, rasga... e mesmo assim, a camisa continua muito mais bonita nele do que ficava em você.
Eu só sei que a gente se abre, conta nossos segredos e medos, contrata até analista em busca de definições para as perguntas da vida e só depois de um tempo você descobre que não há definição. A vida é pergunta, é falta de definição.
Minhas contas continuam a ser cobradas, minhas costas continuam doendo, eu continuo com insônia, meu quarto continua desarrumado, o cigarro continua me fazendo mal, o tempo continua passando, o sol continua manchando minha pele... mas agora eu sei. Se eu tive algum problema um dia, esse não foi por falta de felicidade.


Por Lucas Ranfer, baseado no livro Divã de Martha Medeiros.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Pedaços de mim


Se me sintetizarem em pedacinhos minúsculos, em milímetros de diâmetro, tenho medo das coisas poderiam encontrar. Me refiro a essa analogia pois aspectos muito anormais e estranhos, até para mim, poderiam aparecer. Porém, algumas características se tornaram mais claras e evidentes para mim. Mesmo sendo difícil a auto-análise, acho que sei quais são os pontos mais marcantes.
Procuro sensações que me completam. Uma paisagem diferente, um por do sol marcante, um encontro surpreendente, um dia de gargalhadas, um abraço de tirar o fôlego. Gosto de estar perto de gente mas não só no ócio. Meu velho e tradicional espírito aventureiro precisa de companhia. Até posso dizer que quero viver sem olhar o lado negativo da coisa, mas aquele comportamento resmungão e estressado já está embutido no meu ser.
Gosto de ser criança grande, de fazer bagunça, de ser reconhecido, ser notado, de ser importante para alguém. Gosto de sorrir, de ver belezas naturais, de calor, de bagunça quando pode, de silêncio quando necessário. Gosto de simplicidade e modernidade. De conforto, de mudanças e de juventude.
Gosto de música agitada, mesmo sendo um péssimo dançarino. Acabo abraçando a mim mesmo e fazendo alguma dança patética para causar riso alheio. Essa é uma técnica milenar tailandesa que eu uso pra conquistar a simpatia das pessoas. Gosto de música boa, e meus primeiros movimentos me condenam, sou um sonhador, apaixonado e romântico nato. 
Não procuro status e muito menos dinheiro nas outras pessoas. Consigo esses trunfos com minha garra e no estalar de dedos. Pra mim, as pessoas só precisam saber se comportar, terem uma boa postura e um olhar doce para me deixarem derretido. Só desejo alguém que faça com que meus dias sejam diferentes do normal.
Preciso que entendam meu lado filosófico, meu lado sabichão, meu lado egoísta, e principalmente, meu lado rebelde e infantil. Sou filho único, mimado e paparicado por avós desde que nasci. Costumo me mostrar bastante inteligente, mas no fundo eu sei que sou somente um cara do interior com domínio em alguns assuntos aleatórios.
Sou fraco para regras, bastante tímido e não sei me socializar muito bem com as pessoas, embora seja muito forte em palavras. Sou preguiçoso para atividades, todavia, em minha cabeça pensamentos correm mais rápido que gatilho de "velho oeste". Criativo ao extremo. Sou MUITO medroso e descarado, calmo e hiperativo, desconfiado e trapalhão, espontâneo e desastrado.
Sou milhares de personagens e, me permitam o egocentrismo, posso até me julgar como obra de arte inigualável e única, que é difícil de entender, mas que se juntares todos os pedaços soltos em mim, não sou nada além de um mero, mas não tão medíocre, mortal esperançoso pelo sucesso e pelo bem viver.

Por Lucas Ranfer